Diário de Bordo Reflexivo: Entrevista com a Professora Fernanda Viannay da Rede Municipal de Niterói - RJ
INSTITUIÇÃO: Núcleo Avançado de Educação Infantil – NAEI Vila Ipiranga
PROFESSORA
ENTREVISTADA: Fernanda Viannay Siqueira dos Santos – Professora Mestre na Fundação
Pública Municipal de Educação de Niterói, Rio de Janeiro, Brasil.
Localizada
no Fonseca, bairro da cidade de Niterói na região metropolitana do Rio de
Janeiro, a NAEI Vila Ipiranga tem como proposta pedagógica os parâmetros gerais
que regem a Rede Municipal de Niterói. Sobre tais parâmetros, a mestre Fernanda
Viannay que atua na equipe da Vila Ipiranga no Apoio Educacional Especializado menciona
em seu artigo:
“... o Decreto 3.298/99 que regulamenta a Lei
no 7.853/89, as Diretrizes
Nacionais para a Educação Especial na
Educação Básica (Resolução CNE/CEB no 2/2001), o Plano Nacional de Educação –
PNE, Lei 10.172/2001, o Decreto no 6.094/07 e a Política Nacional de Educação
Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, lançada em 2008, definem a
educação especial como uma modalidade transversal a todos os níveis e modalidades
de ensino; indicam o caráter complementar ou suplementar de escolarização do
Atendimento Educacional Especializado, organizado no contraturno do processo de
escolarização comum/regular, e, entre outras coisas, destacam a construção de
uma escola inclusiva de qualidade, gratuita e em igualdade de condições para
todos.”
Revista Educação Especial | v. 32 | 2019 –
Santa Maria
Disponível em: https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial
Sendo assim, o Atendimento Educacional
Especializado, organizado por meio da Sala de Recursos, foi instituído pela
Coordenação de Educação Especial, em uma escola regular do município de
Niterói, pela primeira vez no ano de 2000, antes do Programa de Implantação de
Salas de Recursos Multifuncionais, lançado pelo Governo Federal, em abril de
2007, com a Portaria Normativa nº 13, e a NAEI Vila Ipiranga não fugiu a regra.
Na Portaria FME 878/2009, a Educação Especial, entendida na perspectiva da Inclusão,
foi organizada com vista a atender aos alunos que apresentam necessidades educacionais
especiais (NEE) em caráter permanente ou temporário, deficiência física, sensorial
ou mental, síndromes, altas habilidades/superdotação e transtornos globais do desenvolvimento.
Para atender aos alunos com necessidades educacionais especiais, incluídos na Rede,
a legislação municipal garante, por meio da Assessoria de Educação Especial da FME,
suporte pedagógico especializado às unidades de ensino, contando com a atuação de
um agente de inclusão, com o trabalho na Sala de Recursos com professor
especializado na própria unidade e com o acompanhamento de um professor de
apoio em suas atividades cotidianas, mediante parecer da Coordenação de
Educação Inclusiva da FME. A inovação do atendimento aos alunos com
necessidades educacionais especiais trouxe um desafio para a política
educacional do município, a adoção de sistemas de bidocência/ensino
colaborativo (BEYER, 2005), ou seja, professores especialistas atuando em
colaboração com os professores de classe. Tais sistemas configuraram, no
município de Niterói, uma estratégia para a efetivação de uma educação, de
fato, inclusiva.
Apesar de todo o empenho do governo e da
equipe escolar, a Educação Inclusiva na NAEI Vila Ipiranga é repleta de
desafios. A professora Fernanda cita alguns deles, como a infraestrutura da
escola ser precária, o prédio foi descrito como “adaptado e pouco acessível”.
Inclusive a escola não tem sala de recursos. O AEE (Atendimento Educacional
Especializado) trabalha em um espaço adaptado dentro da sala de multimeios.
Contudo, mesmo com a pouca acessibilidade
física, a proposta educacional prioriza as questões que envolvem a inclusão. O
AEE trabalha junto da EAP (Equipe de Apoio Pedagógico), buscando soluções para
que a inclusão aconteça efetivamente.
A mestre Fernanda definiu as ações positivas como atitudinais. A escola busca há bons anos desmistificar questões ligadas a exclusão e está sempre buscando aprimorar a oferta dos serviços oferecidos aos discentes e docentes. Quanto às questões negativas destacamos a falta de investimento em acessibilidade, a precária oferta de mão de obra e a falta de uma sala de recursos, que é justamente o que a Rede Municipal de Niterói estabeleceu como fator primordial para o bom desempenho e prática da Educação Inclusiva. A direção da NAEI Vila Ipiranga há um bom tempo solicitou a Fundação Municipal de Niterói obras e adequações dos espaços e está negociando também a ampliação da oferta de mais Professores de Apoio para que o trabalho desenvolvido avance e resultando numa escola plenamente inclusiva.
Após conversa com essa companheira e lutadora em prol da igualdade e inclusão em âmbito social e educacional, tenho a certeza que escolhi a profissão certa. Aliás, acredito que seja mais do que apenas profissão; cuidar, ensinar e lutar pelos direitos de todos os alunos brasileiros passa a se tornar um estilo de vida, uma realização pessoal e uma contribuição para uma sociedade justa, acessível e que garante igualdade.
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